
Após registrar mais aumento em maio, o preço do café, que vive uma disparada histórica, deve encerrar o ciclo de alta nos próximos meses, segundo projeções da indústria.
O valor cobrado ao consumidor final é definido por cada varejista, mas, em geral, eles aumentam os preços em decorrência dos repasses que a indústria faz.
Como desde o mês passado o setor industrial não tem feito novos reajustes, a tendência é que o preço do café agora estabilize.
Segundo executivos do setor ouvidos pela reportagem, nenhuma das grandes empresas fez novos repasses em maio, e não há previsão de reajuste nos próximos meses.
Isso ocorre em um momento em que o café torrado e moído acumula uma inflação de 82,24% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o que corresponde à maior alta desde o início do Plano Real.
Nesta terça (10), o IBGE divulgou os dados relativos à maio, que mostram uma inflação de 4,59% no mês. A alta, contudo, ainda é reflexo dos reajustes feitos pela indústria ao setor varejista até abril.
A indústria recebeu com preocupação os dados divulgados no mês passado que mostraram que o consumo de café está caindo rapidamente. Em abril, a venda despencou 16% na comparação com o mesmo mês de 2024, segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).
Essa queda expressiva preocupa ainda mais porque o café no Brasil costuma ser um produto inelástico, que tem um consumo estável.
A disparada de preços ocorre porque o café cru acumula altas históricas devido a uma sequência de adversidades climáticas nos principais países produtores, uma consequente queda dos estoques mundiais e uma demanda crescente.
Com isso, o preço da commodity, que em outubro de 2023 chegou a ser cotado a US$ 1,53 por libra-peso, passou da marca dos US$ 4,10 em abril deste ano –uma alta de quase 170%.
Estima-se que atualmente os estoques mundiais de café sejam de apenas 20,9 milhões de sacas de 60 kg –o menor das últimas 25 safras.
A safra 2025 do Brasil –que cultiva cerca de 40% do café consumido no mundo– deve ficar aquém do inicialmente esperado, de modo que o mercado já aguarda os primeiros sinais do ciclo seguinte.
Mas, diante de estoques tão baixos, ainda que 2026 traga uma colheita muito boa, ainda não seria o suficiente para recompor as reservas globais.
Logo, analistas apontam que não há uma perspectiva de o preço ter quedas expressivas no médio prazo.
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