
Cabe a Lula agora garantir a reeleição através das suas ações, ainda mais porque tem a máquina nas mãos. Nesse sentido, não é que a oposição cresce, mas Lula que diminuiu. Ele tem um ano e meio para reverter isso, principalmente de olho no público não-polarizado. Esse pessoal está em disputa, e quer ver o preço do feijão, do arroz, da picanha e da cerveja cair, além de soluções rápidas para crise do INSS e a sensação de melhora na qualidade de vida.
A segunda disputa diz respeito a quem vai enfrentar Lula ou alguém apontado por ele (caso a saúde do petista não permita). Hoje, com o presidente em baixa, principalmente entre os mais pobres, surge muitos candidatos, os governadores de oposição – Tarcísio, Ratinho Jr, Zema e Caiado, na ordem de menor diferença para o presidente. Se Lula estiver mais forte em abril, data da desincompatibilização, alguns podem preferir a reeleição, mais garantida, como o governador de São Paulo – hoje em empate técnico com o petista. Ainda mais pelo fato que Bolsonaro, no afã de defender o seu controle sobre a direita, não larga o osso mesmo inelegível.
Quem topar tranquilamente ficar de vice dele na chapa, esperando a Justiça Eleitoral bloquear a candidatura na esperança de ser ungido para a cabeça, como Lula fez com o Haddad, é porque perdeu as últimas sete temporadas dessa série protagonizada por Jair, cheia de traições e passa-moleques. Na última hora, mesmo sabendo que um nome forte de oposição teria mais chance de ser eleito e lhe dar um indulto, ele pode tacar alguém com seu sobrenome para garantir poder.
O governador Tarcísio de Freitas ganhou pontos nos últimos meses com a visibilidade dada a ele pelo centrão, pela imprensa, por grupos que defendem que ele substitua Bolsonaro na urna. Ele está à frente de nomes da própria família Bolsonaro, mas tem a chance de disputar em 2030, se as coisas melhorarem para Lula, coisa que outros não têm.
Mas há também o Game of Thrones interno do clã Bolsonaro, uma disputa pelo privilégio de representar o sobrenome caso Jair bata o pé para tê-lo na urna, na cabeça de chapa, quanto ou como vice. Nesse caso, a ex-primeira dama e diretora do PL Mulher, Michelle, se sai muito melhor que o seu enteado, o deputado federal autoexilado Eduardo. Ela está em empate técnico com Lula à frente, 43% a 39% (dois pontos de margem de erro), enquanto ele perderia de 44% a 34%. Na última semana, o filho 03 praticamente se lançou como pré-candidato, entrevista à revista Veja, um movimento visto para tentar enquadrar a madrasta e o governador paulista.
Também ganhou holofotes por causa da decisão de investigá-lo, movida pela procuradoria Geral da República. Ele está sendo acusado de ir para os Estados Unidos a fim de incitar o Tio Sam a punir as instituições brasileiras para que não condenem o seu pai, réu por golpe de Estado.
