Deputada pede negociação com governo e critica a judicialização do movimento grevista
30/08/2024 – 08:49
Bruno Spada / Câmara dos Deputados
Greve de servidores do INSS começou em julho
Servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) reafirmaram na Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (29), que continuam em greve por reajustes salariais, reestruturações na carreira e sua transformação em típica do Estado. A deputada Erika Kokay (PT-DF), que conduziu debate na Comissão de Administração e Serviço Público, se colocou à disposição para encaminhar, junto com outros parlamentares, as demandas ao governo federal.
Erika Kokay criticou a judicialização da greve e o corte do ponto de servidores grevistas que estão usufruindo de um direito constitucional. “Final de greve não se determina pela Justiça, não se determina com a opressão de retirar salário e sobrevivência dos servidores e das servidoras. Final de greve se conquista em um processo negocial.”
Demandas
Na reunião, servidores do INSS se disseram desrespeitados pelo governo Lula e consideraram impositivas as negociações feitas até agora. A greve já dura um mês e meio.
A técnica do Seguro Social Isadora Ferreira, em nome do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo (SINSSP), disse que a categoria busca, além de reajuste salarial, a exigência de nível superior para o cargo e a exclusividade de suas atribuições.
“Nós queremos que as atribuições exclusivas que foram retiradas no governo Bolsonaro voltem a ser exclusivas, porque a gente é competente para fazer o que a gente faz. Não é CLT, não é ensino médio, não é estagiário, não é servidor de qualquer outro órgão que pode vir para o nosso”, afirmou Isadora. “Também queremos carreira típica de Estado. Nós somos carreira típica de estado porque nossa competência vem da Constituição.”
Segundo Isadora, essas pautas estão ligadas à valorização de uma Previdência Social que deve ser solidária, sustentável e forte, mas possui “servidores cada vez mais desvalorizados”. “A gente reconhece direitos, analisa benefícios. A gente tem um cheque em branco. Liberamos muito dinheiro, isso não é brincadeira. Não somos um órgão que gasta dinheiro. Através dos benefícios, sustentamos cidades”, acrescentou.
Distribuidor de renda
O técnico Guilherme Molinaro, que representou a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), acrescentou que o INSS tem tudo para ser “a menina dos olhos” do governo federal, pois trabalha com o social.
“Existe uma disparidade absurda em relação a outras carreiras do serviço público federal. O órgão que é o maior distribuidor de renda no Brasil, tem a maior folha de pagamento, o maior gasto público é a Previdência. Eu entendo que a gente deveria ser tratado com mais respeito, ser mais ouvido e ter nossos acordos cumpridos”, avaliou Molinaro.
A deputada Erika Kokay lamentou a ausência, na reunião, de representantes do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e do INSS.
Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Rachel Librelon
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